Como SAM WALTON descobriu a importância de um bom contrato

advogado em são paulo

Como SAM WALTON descobriu a importância de um bom contrato

 

Como SAM WALTON descobriu a importância de um bom contrato Sam Walton foi o fundador da maior rede de varejo do mundo, a Wal-Mart, e de outra também entre as maiores, o Sam’s Club. Ele é o patriarca da Família Walton, a família mais rica do mundo, com patrimônio conjunto de US$ 102,5 bilhões.



Em sua singular biografia, Mede In América, Sam Walton retratar toda a sua história empresarial, apresentando precisas regras para vencer em qualquer negócio, demonstrando a sua sabedoria e a importância que dava em ensinar as pessoas.



No livro, para ilustrar a importância de um bom contrato, Sam Walton narra como o seu primeiro sucesso empresarial, uma loja de variedades na cidade de Newport, Arkansas, foi interrompido pela retomada do ponto comercial, pois havia previsão de renovação do contrato de locação.




Estas são as palavras de Sam Walton (Made in América, 1992) :

 


Compreendo hoje que fui o otário que os Irmãos Butler mandaram para salvá-lo. Tinha 27 anos e estava muito confiante, mas não conhecia o elementar para avaliar uma proposta como aquela, e por isso mergulhei de cabeça. Comprei uma por 25 mil dólares – 5 mil do nosso dinheiro e 20 mil emprestados pelo pai de Helen. Minha ingenuidade em relação a contratos e coisas assim viria, mais tarde, a atormentar-me seriamente. (Pág. 19)


(…)

Somente depois de fechado o negócio, é claro, fiquei sabendo que a loja era um abacaxi. Tinha um movimento de vendas de cerca de 72 mil dólares por ano, mas o preço de sua franquia era de 5% das vendas – o que me pareceu bom – mas que, como fiquei sabendo depois, era o mais alto de que já se ouvira falar no ramo de lojas de miudezas. Ninguém pagava 5% de vendas de franquia. (Pág. 20).


(…)



Nem todas as loucuras que tentamos deram tão certo quanto a máquina de sorvete, certamente, mas não houve erro que não fosse possível corrigir depressa, e nenhum tão grave que ameaçasse o negócio. A não ser um pequeno erro jurídico cometido logo de início. Em toda a minha animação em me tornar Sam Walton, negociante, eu tinha esquecido de incluir uma cláusula no meu contrato de aluguel que me desse a opção de renová-lo depois dos primeiros cinco anos.



E o nosso sucesso tinha chamado muita atenção. Meu senhorio, o dono da loja de departamentos, ficou tão impressionado com o nosso sucesso na Bem Franklin que resolveu não renovar o contrato – por nenhum preço – sabendo muito bem que não tínhamos para onde ir naquela cidade. Ofereceu-se para comprar a franquia, instalações e estoque a um preço justo; queria dar a loja para o filho. Não tive alternativa senão desistir. Mas vendi o contrato da Loja Águia para a Sterling – de modo que John Dunham, meu digno concorrente e mentor, pôde finalmente ter a expansão que desejava.



Foi o ponto baixo de minha vida comercial. Eu me senti mal. Não podia acreditar que estivesse acontecendo comigo. Foi realmente um pesadelo. Eu tinha construído a melhor loja de variedades em toda a região e trabalhado duramente na comunidade – feito tudo certo – e agora estava sendo posto para fora da cidade. Não parecia justo. Culpei-me por ter feito um contrato tão prejudicial, e fiquei furioso com o senhorio. Helen, que estava se fixando com uma família de quatro filhos, ficou muito pesarosa com a perspectiva de deixar Newport. Mas era o que tínhamos de fazer.



Nunca fui de lamentar os reveses, e não me lamentei na ocasião. Não é apenas uma lugar-comum dizer que se pode transformar em positivo um fato muito negativo, se nos emprenharmos. Sempre considerei os problemas como desafios, e aquela não era diferente. Não sei se essa experiência me modificou, ou não. Sei que passei a ler meus contratos mais cuidadosamente depois disso, e talvez me tenha tornado um pouco mais consciente do quanto o mundo pode ser duro. E pode ter sido então que comecei a estimular o nosso filho mais velho, Rob, então com seis anos, a ser advogado. Mas não fiquei lamentando minha decepção. O desafio que tinha pela frente era bastante simples: era preciso recolher as forças e continuar, fazer tudo de novo, só que desta vez melhor. (Pág 27)


(…)

O Wal-MArt nº18 é um bom exemplo de como isso funcionou. Essa loja foi aberta em 1969 e marcou a nossa volta a Newport, Arkansas, 19 anos depois de termos sido praticamente expulsos da cidade. Já então eu deixaria para trás o que tinha acontecido ali, e não pensava em desforra. Era uma cidade lógica para a nossa expansão, e reconheço que era muito boa a sensação de votar a fazer negócios ali. Sabia que era uma cidade onde nos daríamos bem. Na verdade, nos saímos extraordinariamente bem com o nosso Wal-Mart de Newport, e não demorou muito para que a velha loja Bem Franklin que tinha sido minha, na Front Street tivesse de fechar as portas. Não se pode dizer que nós fomos culpados do fechamento da loja daquele sujeito – o filho do senhorio. Foram os seus clientes que fizeram isso. Eles decidiram com seus pés. (Pág. 157)



A valiosa lição acima é de suma importância ainda hoje, pois muitos comerciantes não dão a devida atenção às cláusulas contratuais, o que os colocam nas mãos dos proprietários, que, em muitos casos, exigem a devolução do imóvel, causando grandes prejuízos.

Héctor Luiz Borecki Carrillo, advogado e sócio da Carrillo Advogados.

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